quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Canção para uma valsa lenta


Minha vida não foi um romance…
Nunca tive até hoje um segredo.
Se me amas, não digas, que morro
De surpresa… de encanto… de medo…


Minha vida não foi um romance…
Minha vida passou por passar.
Se não amas, não finjas, que vivo
Esperando um amor para amar.


Minha vida não foi um romance…
Pobre vida… passou sem enredo…
Glória a ti que me enches a vida
De surpresa, de encanto, de medo!


Minha vida não foi um romance…
Ai de mim… Já se ia acabar!
Pobre vida que toda depende
De um sorriso… de um gesto… um olhar…


Mário Quintana

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Luz e Mistério


Oh! Meu grande bem,
Pudesse eu ver a estrada,
Pudesse eu ter
A rota certa que levasse até
Dentro de ti.


Oh! meu grande bem,
Só vejo pistas falsas.
É sempre assim,
Cada picada aberta me tem mais
Fechado em mim.


És um luar...
Ao mesmo tempo luz e mistério.
Como encontrar
A chave desse teu riso sério?


Doçura de luz,
Amargo a sombra escura,
Procuro em vão
Banhar-me em ti
E poder decifrar teu coração.


O grande mistério, meu bem, doce luz,
Abrir as portas desse império teu
E ser feliz!


1987



segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Para curiosos de etimologia.


Esta é uma lista das origens dos nomes das unidades federativas do Brasil (estados, Distrito Federal e antigos territórios). A maior parte deles é baseada na língua tupi-guarani ou língua brasílica, um idioma semi-artificial desenvolvido pelos padres jesuítas a partir de línguas nativas distintas para catequese dos indígenas e usado como língua franca no Brasil entre os séculos XV e XVIII. Uma minoria deriva de toponímicos e hagionímicos em língua portuguesa.


Acre - a partir de um erro de grafia de Aquiri, um rio da região (origem documentada); não é relacionado à unidade de medida territorial acre.


Alagoas - de alagoa, um campo alagado ou brejo.


Amapá - do aruaque amapá, "fim da terra" (documentado no relato de Sir Walter Raleigh sobre sua viagem às Guianas como Terra da Amapaia).


Amazonas - a partir do rio Amazonas, que por sua vez foi batizado por exploradores espanhóis que relataram ter encontrado mulheres guerreiras ao longo do rio e associaram-nas às amazonas da mitologia grega (guerreiras e cavaleiras que extirpavam um dos seios para manejar melhor o arco; por isso em grego eram chamadas de a- mastos, "sem seios").


Bahia - de bahia, a grafia arcaica de baía. O nome real da província no período colonial era Bahia de Todos os Santos, por ter sido descoberta em 1º de novembro, Dia de Todos os Santos.


Ceará - do tupi sy ara (literalmente, "mãe da luz"), como se designava a luz do dia, por ser uma terra ensolarada de vegetação esparsa (logo, com poucas sombras).


Espírito Santo - a partir da entidade cristã e católica do Espírito Santo, uma das componentes da Santíssima Trindade, à qual a colônia foi devotada.


Goiás - dos goiazes, uma tribo do Centro-Oeste do Brasil.


Maranhão - a partir da grafia hispânica Marañón cognato de mpará-nã (em tupi, "rio largo", ou seja, mar), em referência ao rio Amazonas, tão largo que de uma margem não se avista a outra.

Marañón era como os espanhóis se referiam a toda a bacia amazônica no período colonial. Em português também se apelida o rio Amazonas como "rio-mar". Apesar de o atual Maranhão não abranger o Amazonas, o nome recai sobre o estado porque entre 1621 e 1709, todo o norte do Brasil foi agrupado sob o Estado do Maranhão, com capital em São Luís, a partir de uma iniciativa da administração espanhola sob a União Ibérica.


Mato Grosso - sentido literal, por causa da vegetação densa na região.
Mato Grosso do Sul - derivado do anterior, por ser a porção meridional (sul) que se separou em 1975.



Minas Gerais - sentido literal, por abrigar campos de extração de inúmeros minérios, principalmente ouro, diamante e ferro, além de gemas e pedras preciosas. A província era originalmente parte de São Paulo e era conhecida como "Terra dos Goyatacazes", por referência aos índios antropófagos que habitavam a região. No início do século XVIII, porém, exploradores começaram a encontrar ouro e outros minérios preciosos e houve um afluxo migratório (corrida do ouro) na região. O episódio levou à Guerra dos Emboabas. Em 1709, a Coroa Portuguesa estrategicamente separou o território das Minas e o pôs sob seu controle direto (Capitania de São Paulo e das Minas, depois Capitania das Minas de Ouro e, mais tarde, com o acréscimo de outros minérios, Capitania das Minas Gerais). Até hoje a mineração é atividade de papel primordial no estado.


Pará - do tupi pará (rio), em referência ao estuário do rio Amazonas.


Paraíba - do tupi pará (rio) + ayba (ruim; no sentido de impróprio à navegação) ou então pará + yba[ka] (céu) ("rio do céu", provavelmente metáfora para "céu azul").


Paraná - do tupi mparanã (literalmente, "rio largo", referência ao mar), por causa da largura do rio Paraná.


Pernambuco - do tupi mparanã (mar) + mbuka (oco), em referência aos arrecifes que se formam no litoral do estado; a mesma formação batizou a capital do estado, Recife.


Piauí - do piau (uma espécie de peixe de água doce) + y (água), donde "rio dos piaus".


Rio de Janeiro - sentido literal, por ter sido descoberto no dia 1º de janeiro de 1502 por Américo Vespúcio, e por julgar-se que a baía da Guanabara fosse a foz de um rio. Na geografia da época, os portugueses não distinguiam estuários de baías, além de estarem acostumados ao formato da baía do Tejo em Lisboa, que se assemelha ao da Guanabara.


Rio Grande do Norte - sentido literal, sem que se saiba ao certo a qual rio da região se fazia referência.


Rio Grande do Sul - sentido literal, por julgar-se que a Lagoa dos Patos, de formato longo e estreito, fosse um rio (de fato, abriga a foz do rio Guaíba). A lagoa foi o local do estabelecimento da primeira colônia no estado, na atual cidade de Rio Grande.


Rondônia - em homenagem ao Marechal Cândido Rondon, explorador da região.
Roraima - do ianomâmi roro imã, que de acordo com determinadas fontes significa "montanha trovejante".



Santa Catarina - em homenagem a Santa Catarina de Siena, adorada tanto por portugueses e espanhóis (o estado foi colonizado principalmente por açoreanos).


São Paulo - assim batizado pelo colégio (monastério) jesuíta de São Paulo de Piratininga. Durante os primeiros três séculos, a cidade era conhecida como Piratininga — que por sua vez deriva de pirá (peixe) + tininga (seco), donde "peixe seco", em referência ao rio Tietê — e a capitania como São Paulo. O uso do hagionímico para ambos só se consolidou no século XVIII.


Sergipe - do tupi siri (siri) + jibe (riacho, córrego, ribeirão), donde "riacho dos caranguejos"; outra etimologia se refere a um cacique local, Serijipe, mas cujo nome teria a mesma origem.


Tocantins - do tupi tukan (tucano) + tin (nariz), donde bico de tucano, em referência à confluência dos rios Araguaia e Tocantins, que tem um formato curvo que lembra o bico da ave; a região também é chamada de "Bico do Papagaio".


Distrito Federal - sentido literal, por ser esta unidade um distrito à parte da federação e durante mais de um século (1889-1990) administrado diretamente pela União (Governo Federal). O antigo nome, na época do Império, era Município Neutro (1834-1889), mas o tratamento corrente chamava a cidade de Corte Imperial (assim como "Capital Federal" entre 1889 e 1934).

(Fonte: boa e velha Wikipédia)